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Afiando a lâmina

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Feb 4, 2024
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Carreira
Vida
Aprendizagem
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3º post de 4 sobre a mudança de carreira da psicologia para a tecnologia, o ainda então Psicólogo decide fazer mais um último e decisivo curso: +Devs2Blu. Quando é a hora de estudar e quando é a hora de arriscar?
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Feb 5, 2024 12:02 PM

Prefácio de um sumido

Quanto tempo! E quanto tempo que não escrevia!
Olá minhas caras, meus caros, espero não ter demorado demais. Muita coisa tem acontecido nos últimos meses! Uma delas, novo trabalho em tecnologia, que quero falar mais sobre no texto que vem. Também fiz uma viagem para o deserto do Atacama, pretendo escrever um pouco sobre também mais pra frente, postar algumas fotos quem sabe. Também aconteceu Baldur’s Gate 3, acabei me empolgando um pouco hahaha
Mas agora que tirei a poeira daqui, quero acabar a série de 4 posts sobre a migração de carreira que prometi. Esse é o penúltimo post da série, retratando o período de Março até Outubro do ano passado durante o programa +Devs2Blu.
Espero que gostem!
 

Links para os outros artigos

  1. Uma porta se abre
  1. Dentro da Matrix
  1. Afiando a lâmina - Você está aqui!
  1. Artigo #4 - Ainda não publicado

Afiando a lâmina

Após a festa… emprego?

Ganhar um prêmio de melhor projeto final foi muito bom. A turma #46 da Gama Experience de Desenvolvimento Web com certeza será uma importante memória que vou carregar por bastante tempo. Mas, depois que a música para e as luzes se desligam, sobra o silêncio, o tempo livre, e mais uma encruzilhada. O que fazer agora?
De um lado, senti que tive uma oportunidade de aprendizado incrível: só de entrar em contato com tecnologias, bibliotecas, frameworks e metodologias de trabalho que nunca antes tinha entrado em contato antes já pude sentir que estava um passo mais próximo do meu objetivo. Por outro, não me sentia exatamente “pronto”: sentimento esse que acompanha muitos trabalhadores da área de tecnologia, nos casos mais graves, “síndrome do impostor”.
Olhando de onde escrevo agora, sei que esse pensamento era besteira. Ao revisar os projetos que fiz com minhas mãos ao longo dos meses anteriores, agora com um novo olhar, com mais experiência e mais carinho com a minha própria caminhada, percebi que já tinha aprendido muito. Talvez, até mesmo o suficiente para começar a aplicar para uma vaga de iniciante. O que mais me segurou nesse começo de 2023 foi a falta de confiança nas minhas próprias habilidades, principalmente por não ter muito parâmetro para saber se eu já sabia o suficiente. No fundo, só sentia que precisava de mais experiência, então segui minha intuição e fui estudar mais.
Estamos agora em Março. O curso da Gama tomou quase todas as noites e finais de semana dos meus últimos 6 meses - estava exausto, especialmente psicologicamente. Uma cena que nunca vou me esquecer foi durante a primeira semana de Janeiro, logo no dia 02, já estava em casa estudando com afinco, ar-condicionado no talo. Sabia que meio mundo estava aproveitando a vida, então declarei pra mim mesmo uma abstinência de redes sociais pra não correr o risco de minar minha saúde mental com a inveja de ver os outros na praia 😂
Decidido então que queria continuar estudando, mesmo assim tirei uma mini férias. “Mini férias” que nada mais foi que aproveitar um pouco minha vida normal sem um curso de programação enfiado no meio da rotina de trabalho. Às vezes era só dormir e descansar mesmo… Por Abril, minha família me mostrou a seguinte propaganda de um curso que nunca tinha ouvido falar, o +Devs2Blu

Curso? Programa? De Graça?

Tecnicamente não é um curso, pelo menos não se usou essa palavra no edital. É um Programa realizado pela parceria da prefeitura da cidade de Blumenau, com a Blusoft-Acate e empresas de tecnologia da região. Em um curso tradicional geralmente o objetivo é ter ao final do curso um aluno formado, com conhecimento e experiência. Já o objetivo desse programa foi mais específico, distinto, e perfeitamente alinhado com o que eu queria nesse momento da minha carreira. Serviu como uma luva.
O objetivo deste Programa é, por meio do ensino de tecnologia, capacitar e selecionar um banco de talentos para serem sondados pelas empresas parceiras. O programa é gratuito, pois as chamadas “Empresas âncoras”, que têm interesse nos talentos desenvolvidos no programa, são também financiadoras. De uma certa maneira, o programa acaba economizando alguns processos de treinamento internos aplicados para novos trabalhadores em tecnologia, especialmente quando o conjunto de tecnologias específicas da cada empresa pede talentos diferentes.
Mas há um processo seletivo distinto para entrar no +Devs2Blu, onde participamos de exercícios de dinâmica em grupo e desafios de algoritmo e lógica de programação. Durante o programa, foram produzidos Dossiês sobre cada aluno, aos quais as empresas tiveram acesso. Tudo orientado para aprendizagem e contratação.
Na hora de me inscrever, a maior decisão foi decidir entre as 4 turmas possíveis diferentes, já que seriam quase como mini especializações, podendo abrir ou fechar portas. Como só poderia participar das aulas noturnas por causa do trabalho, sobram duas opções: DevsOps (à distância), ou Java (presencial). Pelo meu interesse em BackEnd e querendo aumentar minha “empregabilidade”, entendi que Java seria a melhor opção. Ser presencial era tanto uma oportunidade quanto uma maldição, mas pelo menos era perto do meu antigo trabalho. O programa iria durar até outubro, começando em maio, mais 5 meses de estudo diário e intenso. Engoli seco, e me inscrevi.
Desde então, em relacionamento estável com o Javinha
Desde então, em relacionamento estável com o Javinha

O processo seletivo

Antes de sabermos quem iria conseguir entrar ou não no curso, tivemos aulas online com o Professor Gabriel Avila da Silva, e consegui me situar um pouco onde eu estava em termos de lógica de programação. Esse período foi simples, recebi várias listas de exercícios revisando algumas estruturas de dados básicas, alguns operadores, mas agora com Java. Vimos a diferença entre tipos primitivos e Classes Wrapper, e revisei alguns laços de repetição.
Depois dessas duas semanas de revisão/introdução ao básico de Java, chegou o momento de fazer a prova técnica. O problema é que a prova foi estilo Leetcode, recebemos um problema fácil e dois médios para serem resolvidos em uma hora…eu fiquei uma hora para resolver o exercício mais fácil! E o pior, fiz a solução em Java: ficou verboso, um trambolhão, coisa que em Python seria muito mais simples! Descobrimos só depois que a prova poderia ser resolvida em qualquer linguagem…mas mesmo assim, nem chegamos perto de aprender algoritmos nessas duas semanas…enfim, demos nosso feedback para a organização da edição de 2023. Foi um processo seletivo estressante e mal desenhado, mas passei. Na verdade, quem queria muito fazer o curso, passou, muitas pessoas que não conseguiram resolver sequer um exercício passaram. Queriam medir mais a garra e a vontade de querer continuar. Sobre esse critério, acho ótimo, desde que isso seja transparente desde o início, e não revelado depois de tanta ansiedade desnecessária. Muitos saíram das salas de avaliação em choque, por não conseguirem fazer um exercício, e já estavam, sem esperanças. Se tem uma moral nisso é que é importante fazer, nem que seja tentar fazer, mesmo que você não consiga: às vezes o teste mesmo é se você tem vontade de fazer.
Bem, passei então! Vontade não faltava, e recebi a notícia com muita alegria, foi uma festa em casa. Mas por outro lado, eram mais 5 meses de dedicação total. 5 meses de escrever código no final de semana…ou será que não?

Entre dar seu 100% e saber como descansar

Não vou entrar em detalhes sobre a Ementa do curso, ou sobre o que eu aprendi no curso, pelo menos não por enquanto. Isso seria outro artigo muito longo, acabaria perdendo o fio da meada. Mas se for do seu interesse esses detalhes de estudo, me escreva uma mensagem ou e-mail que posso preparar um post futuro!
Voltando à questão principal: entrei no programa com três objetivos: (a) emprego (b) network: por ser noturno, queria conhecer mais gente da tecnologia da região e (c) queria refinar o que já sabia.
Aprender tecnologias e fazer um bom software já não eram mais prioridade única e exclusiva pois, até onde eu tinha entendido da ementa do +Devs2Blu, a carga de conteúdo era gigantesca, e o nosso tempo era minúsculo. Quando eu começava a entender uma tecnologia, logo já trocávamos de módulo. Por vezes, o melhor que conseguia fazer era somente criar o máximo de anotações, copiar links e referências, para poder mais tarde, um dia quem sabe, revisar. Aprendendo o máximo que puder, mas sem me martirizar por não dominar tudo.
Fui adotando então um ritmo mais tranquilo de estudo. Continuava estudando e anotando com afinco, mas só deixei os finais de semana para o código quando chegava alguma deadline de algum trabalho ou um projeto final. Fui aos poucos recuperando um pouco da minha rotina de vida antes de me dedicar aos estudos, voltei a sair, assistir séries e dormir sem contar horas (às vezes).
E isso foi muito bom, principalmente para reconstruir uma nova relação com aprendizagem. Nunca acreditei naquelas besteiras de “trabalhe enquanto eles dormem”, mas sabia que a minha ambição precisava de uma “acelerada” inicial. Parte de mim temia que talvez eu voltasse a ser preguiçoso e procrastinador como antigamente, mas hoje esse fantasma não me atormenta mais. É importante seguir adiante com vontade, mas com equilíbrio, já que o risco do burnout é real e sinto que cheguei próximo dele em momentos…
Um clássico do mundo corporativo: trabalhe de “maneira inteligente”, não “mais forte”. Pra mim, o equilíbrio que falei sobre antes me permite estudar melhor, trabalhar melhor, e render mais por menos.
Um clássico do mundo corporativo: trabalhe de “maneira inteligente”, não “mais forte”. Pra mim, o equilíbrio que falei sobre antes me permite estudar melhor, trabalhar melhor, e render mais por menos.

+Devs2Blu

Como dito anteriormente, não vou entrar em detalhes sobre ementas do programa, nem e tecnologias agora. Mas, no geral, o curso foi excelente, com alguns momentos complicados. Também não vou me alongar em pequenas picuinhas internas do curso, e tentar falar do bom e do ruim de maneira clara e objetiva. Muito já escrevi como feedback para a organização do Programa também.
O melhor do curso foram os professores. Deixo dois agradecimentos especiais à quem mais nos acompanhou no durante o curso, o Marcio Michelluzzi e a Maria Júlia Testoni. Especialmente ao Márcio, quem nos acompanhou por quase 70% do curso, indo além do mínimo, tornou interessantes aulas que poderiam ser completamente enfadonhas, como quando exploramos os limites do PostgreSQL, discutindo cache, procedures e casos de uso.
A segunda melhor coisa do curso foram os colegas e amigos. Conheci todo tipo de gente, com ambições parecidas, corridas diferentes na vida, e que mesmo sabendo que estávamos numa espécie de “jogos vorazes” da tecnologia, ainda assim criamos parcerias e trocas. Muitos barzinhos memoráveis, mesmo que às vezes pontuadas por piadas horríveis de programador (metade delas são culpa minha, foi mal).
Um ponto que não gostei do curso foram as avaliações. Enquanto que no CS50, você criava pequenas unidades de código que passavam ou não em testes, e enquanto que na Gama tínhamos uma, duas ou quatro semanas para fazer um site / servidor / sistema completo, muitas provas do +Devs2Blu foram ou questionários de múltipla escolha, e tudo que envolvia código tinha que ser feito em uma janela de 4h. Não havia espaço para o desenvolvimento assíncrono com colegas de sala, exceto por livre iniciativa. Parte da limitação nas avaliações se deve ao processo de correção ser realizado pelo próprio professor do módulo, o que acabava criando um backlog de correções considerável. Muitas avaliações poderiam ser automatizadas na minha opinião.
Outra questão a ser melhorada é a Hack Week, o evento do final do curso. Eu não sei o que aconteceu por trás dos bastidores com a organização do +Devs2Blu, mas tudo que envolvia esse evento ficou rodeado de mistério até chegarmos em Outubro de 2023. Vou guardar esses comentários para o próximo e último artigo!
 
Para o final, quero falar sobre o último mês do curso, o último mês como psicólogo e o primeiro mês como programador profissional. Tudo isso foi o mesmo mês. Quase fiquei doido hahah
Até a próxima!

Conteúdo Bônus #3 - Links

São alguns links e comentários que tirei dos meus favoritos dos últimos anos. Espero que sejam úteis!
Se algum site estiver off, pode me avisar que tiro.

Universais

  • DevDocs
    • Descrição: Documentações de múltiplas APIs para rápida referência.
  • Roadmap.sh
    • Descrição: Trilhas para guiar seus estudos.
  • Teach Yourself CS
    • Descrição: Mais um recurso para quem quer aprender Ciência da Computação de forma autônoma.
  • Shields.io
    • Descrição: Para customizar seu Readme.md do GitHub.
  • Refactoring Guru
    • Descrição: Referência em Padrões de Projeto e Refatoração.

Web

  • Web Skills
    • Descrição: Um mural de habilidades para quem está começando em desenvolvimento web.
  • W3C
    • Descrição: É fundamental conhecer esta organização e seu propósito.
  • MDN Web Docs
    • Descrição: Referência essencial para iniciantes.
  • Animate.style
    • Descrição: Biblioteca para animações simples em CSS.
  • Animista
    • Descrição: Plataforma para criar animações mais complexas em CSS.
  • CSS-Art
    • Descrição: Explora o que é possível fazer com CSS em termos de design e arte.
  • Reset Reloaded
    • Descrição: Técnicas para resetar as configurações padrão de CSS.
  • Pexels
    • Descrição: Repositório de fotos em alta qualidade que podem ser usadas sem royalties.
  • UI Gradients
    • Descrição: Coleção de gradientes para uso em projetos CSS.
  • My Color Space
    • Descrição: Ferramenta para geração de paletas de cores.
  • Real Time Colors
    • Descrição: Ferramenta para teste de cores e fontes em tempo real.
  • Layoutit
    • Descrição: Ferramenta para geração de layouts CSS.
  • CodePen
    • Descrição: Plataforma para compartilhamento e inspiração de projetos de frontend.

Git

Linguagens

Typescript

C

  • C Decl
    • Descrição: Tradução de C para inglês e vice-versa.

SQL

Sistemas de Anotações

  • Método Zettelkasten
    • Descrição: Referências para o método Zettelkasten.
    • Nota: Obsidian, Notion ou qualquer outro software que escolher: é interessante considerar um lugar para organizar estudos e anotações. Hoje não anoto mais tanto quanto antigamente, mas mesmo que não seja pra todo mundo, acredito que vale à pena esperimentar algum sistema de anotação.